Política: Das fragilidades dos debates que não existem

Política: Das fragilidades dos debates que não existem

Colunista -Everton Villa ( Vevi )

Sempre valorizei muito a política e todos os aspectos sociais que ela demanda, especialmente
debates urgentes neste país relacionados à inclusão e o abismo social que acomete o Brasil desde
que a mão de obra escrava era o carro-chefe e principal fonte de extração de riquezas da classe
dominante, e, a julgar-se os tempos atuais, de certa maneira ainda é, pois as diferenças salariais
entre brancos e negros é gritante, mesmo com níveis de escolaridades iguais, enfim não quero
fazer uso de teleologia, mas parece ser algo pensado, com tal finalidade.

Quando comecei escrevendo neste espaço, jamais procurei tocar em temas relacionados a
políticos ou candidatos aos cargos propriamente ditos. Meu intuito é debater ideias, tentar achar
soluções ou meios para diminuir os abismos sociais entre as classes dominantes e as menos
favorecidas e principalmente, aprumar conceitos que favoreçam a educação pública. As políticas
sociais devem ser um caminho para isso, porém, às vezes, são vistas com certo repudio por
algumas pessoas, então o debate perde a semântica social e parte para o lado ideológico (as
jamais esquecidas: esquerda e direita), e quando isso acontece, perde-se o sentido do debate e
das construções de ideias que teriam chances de evoluírem como efetivas e concretas mudanças.

Talvez minhas ideias de concepções políticas estejam totalmente equivocadas, e eu não entenda
nada do assunto (isso é bem provável), em todo o caso, não posso acreditar que política seja isso
que estou vendo na televisão. Os debates se resumem em uma baixaria indigerível, é um escárnio.

A prefeitura de São Paulo é disputada a cadeiradas e acusações onde uma pessoa minimamente
predisposta a ouvir os debates, se depara com episódios de alienação dos candidatos, é risível e
profundamente constrangedor. Já a prefeitura de Porto Alegre é pautada pela enchente que
realmente assolou o Estado, mas também por braços ideológicos de esquerda e direita que não se
sustentam, uma vez que a esquerda não trabalha mais dentro de perspectivas relacionadas aos
trabalhadores assalariados, defendendo educação qualitativa para todos, buscando soluções para
pequenos agricultores familiares, discutindo espaço privado tomando conta do público… apenas
fazem alianças espúrias e usam bonés do MST. E a direita nem mesmo sabe com quem deve andar,
hora apoiam déspotas e militares que deveriam ser legalistas, hora discutem suas ideologias
baseadas nas obras de Olavo de Carvalho, um astrólogo, ensaísta, terraplanista, sem formação
alguma, por tanto sem autoridade para, perdão da palavra, “cagar teses”. É surreal!

O povo gaúcho cada vez mais, encontra-se provinciano e dividido em “lulices e bolsonarices”!
Ainda não superamos, enquanto eleitores, estereótipos de políticos lúdicos, e esse domínio, essa
força que esses políticos exercem sobre as pessoas é combustível para atrasar debates
importantes, essa força tão somente delimita espaços, marca fronteiras, é incoerente.

Todos temos obviamente uma base ideológica, uma orientação, Paulo Freire apontava isso, a
questão é: sua base é inclusiva ou excludente? Ou você não enxerga dessa forma? Tudo bem, são
interpretações que cabem a cada um, e envolvem contextos e experiências de vidas diferentes. Em
todo caso, é necessário discutir os processos que atrasam nossa sociedade e esquecer jacobinos e
girondinos. A revolução francesa está distante, tão distante quanto estamos de candidatos e suas
propostas. O que pode nos remeter aos revolucionários franceses é apenas a falta de pão, até
porque liberdade, igualdade e fraternidade são palavras que não se ouvem por aqui, ou melhor,
não se discutem!