Coluna Políticas Públicas e Sociais: A supremacia ocidental

Colunista Everton Villa-Historiador

Tenho recebido algumas mensagens de amigos e conhecidos perguntando minha opinião e posicionamento neste massante e terrível confronto entre a Palestina e o Estado de Israel.

Pois bem, primeiramente devo deixar claro que sou absolutamente contra qualquer tipo de confronto armado, onde a vida de milhares de pessoas está em risco e os verdadeiros propositores dos embates jamais, sob hipótese alguma estiveram, estão ou estarão em qualquer linha de frente de combate.
Apesar de abominar essa guerra, um fato curioso mexe com meus pensamentos. Quando brasileiros emitem suas agruras pelos confrontos no oriente médio, escandalosamente fecham os olhos para os conflitos no Brasil. Esquecemos das mortes que ocorrem todos os dias por fome, frio e descaso. Aqui também tem crianças vítimas do terrorismo de crimes, do tráfico, da polícia, sofrendo torturas físicas e psicológicas, mas essas notícias não saem no jornal, ou se saem as pessoas dizem não ler e nem assistir notícias, porque as notícias só trazem tragédias, vai entender, muito mais fácil é jogar a pá de cal aqui e estruturar causas e problematizações lá. Cansei de falar em hipocrisia, no escárnio…

Não fugirei ao assunto. De fato é uma guerra religiosa (as guerras só existem pela religião e pelo poder, geralmente atrelam-se os dois, então a mobilização em massa). Dessa maneira aquela terra tem cristãos,
judeus e muçulmanos, lutam por ela desde que o mundo é mundo. Muitos povos invadiram aquele território diversas vezes, porém os Romanos expulsaram os Judeus em 130 d.c. e chamara o lugar de Palestina, todos que vivessem ali seriam chamados palestinos, independente de religião.
Vencedores da primeira guerra, a Inglaterra passa a controlar a Palestina e apoiar o sionismo. Em 1947 a ONU divide a Palestina e deixa o Estado de Israel com mais território, assim o descontentamento de palestinos é evidente e os conflitos intensificam-se cada vez mais. Em 1948 com ajuda inglesa, finalmente se consolida o sionismo que é a criação do Estado de Israel. Os Árabes extremamente descontentes declaram guerra na mesma hora contra o novo Estado, no entanto perdem e o Estado de Israel passa a
controlar 75% do território palestino.

De maneira bem sintetizada é mais ou menos por aí. Uma guerra religiosa e política. A partir de então o povo palestino perde liberdade, perde vidas, terras e migra para outros lugares, já Israel torna-se uma potência militar e adivinha só, os EUA financiam seu poderio armamentista, sim, os americanos são muito generosos e preocupados com as dificuldades dos povos do oriente médio e com os latinos. Territórios e mortes geram poder, financiar guerras gera muito lucro e Hollywood explode com filmes onde os guerreiros americanos chegam e acabam com os problemas, tornando-se verdadeiros deuses onipresentes (ironia).

O Hamas é um braço militar palestino, assim como existem os apoios armados israelenses, e sim, ambos matam impiedosamente. Numa guerra as consequências não são medidas. Claro que as religiões devem ser
respeitadas, as crianças não devem morrer, isso é óbvio, ninguém deve apoiar essa barbárie, mas não cabe emitir opinião num caso de ataque mortal de qualquer lado, afinal pessoas vivem ali e isso, por si só,
deveria bastar, deveria estar superado. Porém quando a história é distorcida e vista do lado ocidental, voltase aos conceitos europeus e como nós aqui, aprendemos a amar europeus e norte-americanos, baseado em tudo que nos vendem goela abaixo, aceitando todas as explicações deles para continuarem financiando guerras e fortalecendo o sistema com mortes, filmes e claro, com um discurso fajuto e obsoleto, como se não houvesse terrorismo por aqui, nem abismo social gigantesco, e envolvendo um Deus ocidental supremo, que parece não ser o mesmo que o do oriente. Minha opinião vem agora, na letra afiada de Belchior: “Deixemos de coisas, cuidemos da vida”!

Temos problemas deste lado do atlântico, não somos melhores que ninguém e tiramos vidas da maneira mais covarde possível, esquecendo dos direitos das minorias, aceitando discursos pobres de políticos, sendo subservientes, racistas, homofóbicos, e perdoem-me aqueles que acreditam em Deus, também vidas de inocentes são interrompidas em nome dele, depois oração, a pá de cal novamente para esquecer o que nos envergonha e foco na “cagada” de uma nova tese que preferencialmente oprima o oriente.