Homo Sapiens: Uma dramática evolução
Num período muito distante na história do mundo, quando o homo sapiens era apenas um hippie atravessando campos, curtindo a natureza e o sol, ouvindo o som de Janis Joplin, caçando e coletando, a vida possivelmente deveria ser mais fácil, mesmo que um tanto inóspita. É claro faço uma brincadeira. Certamente não havia, infelizmente ainda naquela época, a Janis e tampouco o homo sapiens era um hippie com flores na cabeça, mas ele era sim um exímio caçador e coletor de alimentos, e a natureza era sua grandiosa casa.
Em seguida tivemos a chamada Revolução Agrícola, onde esse homo sapiens compreendeu que ele talvez pudesse plantar as batatas que coletava do chão. Talvez pudesse plantar uma sementinha que se alastrava pelos campos. Bastava escolher um lugar perto do rio, encher os campos daquela semente e esperar para ver o resultado. Nesse exato momento o homo sapiens dava um salto evolutivo na história.
Temos vastos campos de trigo e ervilha no oriente médio, temos plantações de milho e feijão na América Central, batatas e lhamas na América do Sul, temos mais trigo, arroz e sorgo na África ocidental e enormes campos de arroz, painço e porcos no continente asiático. Tente imaginar a dimensão desses fatos no espectro de evolução social. Agora o sapiens é um agricultor. Casas foram feitas de barro, os animais começam a ser domesticados, cães, ovelhas, porcos… O sapiens olha para o céu, aperta os olhos no vento que sopra e passa a viver angustiado, preocupado com o tempo, com a chuva, o frio e o calor.
A preocupação vem das muitas horas de trabalho preparando terra, irrigando plantações, contendo pragas. O trabalho desgastante já é uma rotina imutável na vida de nossos ancestrais, enredou-se em nossos genes e permanece constante até os dias de hoje. As doenças aparecem, uma série de mortalidade por pragas, fezes de animais e infecções. A dieta já não é a mesma. O homo sapiens não tem mais um prato colorido como era nos tempos de caçador e coletor. Agora comem grãos, batatas e plantam alguns figos bem enfileirados, numa espécie de pomar. Não sabem o que fazer com o excedente de produção, pois os campos estavam sempre aumentando, as populações também, no entanto esse excedente de produtos jamais matou a fome de quem não plantava.
Finalmente viemos parar aqui, no século XXI, em 2023, e acreditem, já tivemos nos governos reis, déspotas, generais, em alguns lugares como no Brasil, nos falam de uma tal democracia (acredite quem quiser), e por mais insano que possa parecer, apesar de toda essa história de revolução alimentícia, o projeto de acabar com a fome no planeta jamais esteve na pauta, ele não aparece, serve apenas de cartaz nos belicosos projetos eleitoreiros, está no pragmatismo, na prepotência e na canalhice sórdida de uma política corrupta, suja e muito hipócrita.
Parece uma idiotice falar de fome mundial, mas se você, atento leitor, pesquisar sobre esses vários saltos evolutivos, chegará, indubitavelmente, a uma só conclusão, e ela será uma pergunta e uma dúvida eterna e desmoralizante, tipo essa: -“Mas como assim”?