Coluna Políticas Públicas e Sociais: Exploradores/acumuladores compulsivos

Colunista Everton Vila ( Vevi )

Exploradores/acumuladores compulsivos

Por volta dos anos 1.700, se não me falha a memória e sendo um pouco mais preciso em 1.769, James Watt reinventou a máquina a vapor. Uso o termo reinventou porque um rapaz chamado Thomas Newcomen, anteriormente havia inventado um motor movido a vapor, era uma espécie de máquina atmosférica. James Watt de fato fez esse motor funcionar e consequentemente o mundo jamais seria o mesmo depois disso.

A Revolução Industrial passou a nortear os passos da humanidade. O tempo agora não era mais natural e despretensioso medido pela natureza e sim era algo controlado pelo Homem, medido pelo tempo que as pessoas empreendiam dentro das fábricas. Aqui temos uma ideia de princípio de progresso capitalista, uma nova forma de exploração de pessoas,
uma nova maneira de explorar o meio ambiente, afinal essa expansão tecnológica invariavelmente trouxe também um aumento populacional nas cidades, assim, abriu-se um precedente jamais visto na história, algo que nos faz reféns cada dia mais: o consumismo.

Somos acumuladores compulsivos, atordoados, bárbaros frenéticos espreitando o próximo lançamento. Pode ser um telefone, um carro, um tênis, não interessa, apenas aguardamos, trabalhamos, planejamos (mesmo que não caiba no orçamento), e compramos, então somos tão somente regozijo, refestelados com uma nova aquisição, e novamente
esperando a seguinte. Somos como ratos indo em direção da ratoeira, gordos e alegres, mas jamais satisfeitos, sempre em busca do melhor queijo.

Pouco importa o pescoço como prêmio, o que realmente importa é a conquista, a prova, o gosto, o sabor de algo que ainda não possuímos.
Caso você, sagaz leitor, nunca tenha parado para pensar em todo o lixo que acumula, talvez é chegada a hora. Ainda assim como esse que vos escreve, você também já não esteja tão lúcido, pare um instante e observe seus acúmulos. Observe o lixo que você fabrica todos os dias, desde a hora que os pássaros ou a pessoa que te atura o despertam, até o momento de dormir novamente, repare a forma como esse processo é organizado ou se passa
despercebido em sua vida.

Infelizmente os recursos mineiras, os combustíveis fosseis estão se extinguindo, nós somos os responsáveis pela nossa própria extinção. Com crenças e fanatismos absurdos chegamos até aqui, eliminando espécies e nos aproveitando de tudo que podíamos, de várias formas, na maioria das vezes do jeito que mais gostamos, por impulsos de violência e crueldade.

Em uma obra chamada O eterno retorno do mesmo, Nietzsche explica que dentro de um todo, com infinitas possibilidades e infinitas maneiras de agir, mas sempre por impulsos, pois são efetivamente sempre esses impulsos que nos movimentam, de alguma maneira iremos sempre repetir tudo aquilo que já fizemos.

Portanto, tenho a impressão com tudo que tenho visto e procurado aprender, não há muito o que esperar de melhoras humanas. Seguimos com uma fé inabalável, porém nada coletivos, sempre singulares e próprios. Dentro de todas essas crenças bárbaras, entendo o autor quando ele fala: “algumas pessoas necessitam de venenos para sobreviverem ao
caos e manterem-se confusas”.