´Segurança escolar: um amplo debate
É um ato extremamente doloroso ter de escrever sobre uma chacina, pior ainda é quando esse crime terrível acontece com crianças, outro agravante que me deixa completamente impactado é saber que tudo ocorreu em uma escola.
Não vou discutir o crime, o ato em si. É algo muito violento e a punição cabe à lei, embora às vezes essa punição demore anos, por problemas de letargia. Pretendo discutir sobre o fato da segurança, tenho pensado muito a respeito da segurança em escolas, mesmo antes dessa barbárie, desse crime vil e horrente.
Acontece que o debate aqui tem muitas vias. Quando essas tragédias ocorrem certamente faz-se necessário todo amparo psicológico às crianças, pais e funcionários, pois se trata de um ato extremo de violência urbana. Também precisamos levantar questionamentos em nossa sociedade, questionamentos de valores e princípios morais que estamos perdendo pela falta de sociabilidade. Devemos investir mais em discursos de paz e diálogos.
Entendo que a relação pais-escola fique estremecida após uma tragédia assim. Afinal a criança está longe do seio familiar, longe de um tenro amor, um afeto insubstituível.
Certamente novos e diferentes laços começarão a existir na vida dessa criança, com novas amizades entre elas e um elo também afetivo e carinhoso com professores, mas claro, os laços sanguíneos serão sempre zelosos.
No entanto, apesar de entender todas essas preocupações tenho dificuldades em compreender o fato de uma escola ter um agente armado promovendo uma possível segurança. Primeiro porque vai contra todos os princípios morais de uma instituição de ensino, a arma remete justamente à morte, atesta nossa incapacidade social, confirma que a humanidade falhou e já não vemos outra forma de melhorar aquilo que não deu certo, então apelamos para o risco iminente da autodefesa. Acredito que essa medida implica em outro debate. Ocorrem muitos outros questionamentos, sobre se todas as escolas contarão com essa segurança ou se serão apenas para as escolas privilegiadas (particulares onde o dinheiro não é um problema), mas e as públicas? A segurança irá até as escolas dos complexos, ou mais uma vez veremos entrar na jogada a boa e velha “SELETIVIDADE”?
É intrínseco pensarmos na segurança das nossas crianças. Os questionamentos precisam ser feitos, porém não acredito na resposta da violência, com violência, pois infelizmente essas crianças não irão voltar para casa, o silêncio à noite irá consumir esses pais. A falta dessas crianças irá mexer com os coleguinhas e a imensidão de um buraco negro virá como uma avalanche na cabeça dos professores.
A hora é de diálogo. De coletividade. É tempo de abraçar e cuidar de quem ficou, é indispensável promover discursos de paz e interações sociais. Como diz a música de Humberto Gessinger: “já perdemos muito tempo brincando de perfeição, esquecemos o que somos simples de coração”!