Coluna Políticas Públicas e Sociais: Há vagas

Há vagas

Se voltarmos um pouco no tempo e buscarmos em livros de História as causas que tiveram como consequência a proclamação da Independência do Brasil, constataremos, sem dificuldades, um golpe. Sim, senhoras e senhores, toda vez que uma guarnição das forças armadas sai da caserna para atacar a soberana constitucionalidade de um governo, mesmo não concordando com ele, nesse espectro, é golpe.

Pois bem, não devo me ater a isso. Quero falar sobre como nossa formação democrática é falha desde sua criação, desde suas entranhas, afinal se iniciamos um processo democrático dando um golpe, como serão nossos representantes? Respondo: – serão o retrato escarrado de seu povo!

Agora, de volta aos dias atuais, especificamente para as eleições de presidente do senado e câmara federal, podemos acompanhar todo o escárnio, a degradante escada galgada por Rogério Pacheco (Senado) e Arthur Lira (Câmara) no intuito da conquista, onde irremediavelmente será possível a concretização das benesses, os acordos, o toma lá da cá, o refocilamento do dinheiro público, logicamente sob o aparato da sociedade,
que, perdoem-me o peso da palavra, estupidamente consente. Cartazes exibidos por deputados, adversários de Pacheco, dizendo: “Fora Pacheco”, balbúrdia nas redes sociais, comentários de deputados falando que haveria traição dentro dos partidos, uma catástrofe. O adversário de Pacheco era Rogério Marinho, a “fake news” era tanta, que se você pesquisasse no “google”, encontraria a primeira opção noticiando falsamente a vitória de Marinho.

Já Arthur Lira na câmara estava mais confiante de seus votos, muito devido as alianças feitas pelo centrão no governo do ex presidente Bolsonaro e também por ser Lira um grande jogador, pois foi um dos primeiros
a reconhecer a vitória de Lula nas eleições passadas, claramente abrindo um leque de possibilidades para novas alianças e estabilizar já no início as estruturas do centrão, essa podridão que é o centro, com um discurso liberal, canastrão e nenhum constrangimento. Um bando de corruptos que saem dos esgotos das casas legislativas de quatro em quatro anos para se alimentarem do governo, são excrescências, retro alimentadas pelo sangue dos enganados e jamais sentirão remorso ou constrangimento. (Deixo claro, para fins de futuras críticas, que apenas exemplifico as notícias e não me posiciono em apoio a nenhum candidato, mesmo porque não tenho apreço por nenhum, no entanto é fato e evidente meu desprezo pelo centro e suas mazelas, sempre na gangorra política, pendendo para onde lhe convém. Entendo as discordâncias, mas aqui se trata de posicionamento político e discordar é perfeitamente cabível).

É inacreditável o entendimento político tão raso da sociedade brasileira. Compreendo as pessoas acharem o assunto um porre, não terem paciência para discursos de empossados e resumir a política em frases como:
“temos que trabalhar igual, ganhe quem ganhar”, ou “são todos iguais”! Porém é exatamente nessas frases que a politicalha se alça para angariar seus votos, é também na impotência de relevância do assunto por
parte da população que eles se apropriam do estado, oprimem os fracos e destituem presidentes.
Mesmo você não concordando com as instituições, infelizmente, o seu representante está lá, apoiando e votando para tudo isso acontecer, e, quando o desgaste torna-se intolerável, a população sem conhecer a
história de seu país, acredita em discursos patéticos e boçalidades e pateticamente invade Brasília, quebra vidros, destrói patrimônio público, artefatos históricos, enfim, nada diferente de tudo aquilo que antecedeu
nosso tempo.

Por fim, ninguém é bandido, ninguém mandou ou participou e espera-se calmamente que a anistia seja a pá de cal novamente sufocando a História!