Coluna Agricultura e Pecuária: Congresso Brasileiro de Olericultura e as novas tecnologias de produção.

Colunista – Fabiano Gregorio-Engenheiro Agrônomo da Emater.

Ocorreu no município de Bento Gonçalves durante os dias 01 a 05 de agosto de 2022 o 56° Congresso Brasileiro de Olericultura, espaço que trouxe muitas oportunidades de conhecimento e de discussão sobre novos modelos de produção, tecnologia e processos e tive a oportunidade de estar presente no evento.

Dentre os diversos espaços que ocorreram durante o congresso, vou discorrer sobre um assunto de grande importância e que tiveram muitos momentos dedicados ao tema. Os chamados “Bioinsumos”. O assunto é bastante amplo e necessita de uma forte atenção dos assistentes técnicos e instituições a fim de alinhar as informações e conduzir o processo de forma adequada.

Quando nos referimos a bioinsumos estamos falando de controle biológico, indutores de resistência, bioestimulantes e produtos que visam trazer um maior equilíbrio fisiológico para as plantas de nosso interesse. O primeiro ponto de atenção diz respeito aos locais onde estes insumos serão utilizados, pois ao analisarmos o seu uso na produção de grãos, onde a planta tem um tempo diferente de permanência no campo e o produto que será consumido (grão) está muitas vezes protegido por estruturas como legumes (soja) ou mesmo cascas, e por conta disso, não ocorre o contato direto entre o insumo e o produto a ser consumido.

Diferente de quando analisamos culturas como frutas e hortaliças, onde a parte de interesse muitas vezes esta exposta ao ambiente, e ocorre o consumo direto destes frutos ou partes vegetais, onde irá ocorrer um contato direto entre o insumo e a parte a ser consumida. Neste ultimo caso é necessário uma maior discussão e cuidado em relação ao assunto.

Os cuidados com relação ao exposto acima levam em consideração, forma de contato, tempo de campo e forma de consumo destes vegetais (folhas, frutos e caules).

As observações acima trazem uma responsabilidade principalmente no que diz respeito às biofábricas denominadas “on farm”, onde o próprio produtor produz o seu insumo na propriedade. Esta produção muitas vezes carece de conhecimento sobre os processos que estão acontecendo no sistema e por conta disso trazem o risco de contaminações por microrganismos patogênicos. Nestes casos se fazem necessários maiores estudos e estabelecimentos de parâmetros de qualidade e de controle.

O crescimento dos produtos biológicos é perceptível e segundo estimativas até 2032 terá o mesmo volume utilizado que os produtos químicos tradicionais, sendo o Brasil um líder mundial no seu uso.

O programa nacional de bioinsumos instituído pelo decreto 10.375/26-05-2020 é um programa complexo e engloba um conceito amplo de prática, processos e produtos, engloba a parte vegetal, animal, pós colheita e de processamento de produtos.

Para concluir entendo que se trata de uma grande alternativa, que vai assumir grande importância no setor de produção. As pesquisas demostram sua eficácia, além de estar totalmente alinhado aos conceitos de sustentabilidade e uso consciente de insumos para produção de alimentos saudáveis, porem precisamos estar atentos sob o ponto de vista legislatório e principalmente nos processos sobre garantia e qualidade dos processos envolvidos a fim de tornar a tecnologia realmente eficiente e livre de riscos para o ambiente e para as pessoas. A gama de conhecimento técnico envolvido neste tema é grande, envolvendo desde conhecimentos microbiológicos, fisiologia de plantas, processos indústrias e de analises químicas, além de todas as interações ambientais as quais estaremos sujeitos ao trabalhar com um sistema de alta complexidade química, física e biológica.