Coluna Políticas Públicas e Sociais: Educadores e formadores de opinião descartáveis

Colunista: Everton Vila

Em 2 de maio de 1997, Há exatos 25 anos, o mestre Paulo Freire, um dos maiores educadores do nosso tempo viria a falecer, vitimado por um ataque cardíaco. Sou um admirador da obra de Freire, assíduo leitor de seus processos metodológicos de ensino, onde em pouco mais de quarenta horas de trabalho, alfabetizou 300 trabalhadores em um cidadezinha interiorana chamada Angicos, localizada no Estado do Rio Grande do Norte.

Escrevi às favas sobre Freire e quão subversivo ele fora considerado em um passado muito recente na história deste país nada mais tupiniquin, justamente por sua luta em prol de uma educação ativa, viva e que não fosse negociada em gabinetes de políticos nojentos e pré dispostos a corrupção, verdadeiros escroques de uma democracia inexistente, na qual a politicalha se encarrega de sabotar a educação, os professores e principalmente as pessoas, estas esforçam-se para adotar políticos de estimação e nada fazem para representar um desejo coletivo, não tem mais poder de indignação, apenas opinam, julgam e tantas outras, corrompem-se na primeira oportunidade de grana fácil!

Nosso debate é raso, tentamos resumir em esquerda e direita tudo, seja lá qual for o debate, quando cessam os argumentos, começam os ataques. O Brasil é um país de muitas lutas, aliás como é qualquer país que passa por processos de redemocratização. Veja você, sapiente leitor, reflita por exemplo o que você, brasileiro sabe efetivamente a respeito da ditadura militar ocorrida na década de 60 até final dos anos 80? Obviamente não estou pedindo uma pesquisa, mas simplesmente se você abriu um livro que falasse sobre o assunto, ou mesmo conheça minimamente, por exemplo o exército ser legalista e não arbitrário dos poderes constitucionais.

Várias pessoas me questionam quando falo dos formadores de opinião de redes sociais, isso me chateia. Dizem: mas emitir opinião é necessário, ajuda a esclarecer dúvidas. Concordo, porém suas opiniões devem partir do conhecimento que tu tens em determinado assunto, pense comigo, suas informações vem de um grupo de whatsapp, com uma foto e um texto
onde aparece um jornal conhecido e é suficiente pra você entender o conteúdo como confiável. Ou você segue algum influenciador digital que provavelmente tem um lado político, logo ele se informa daquilo que será favorável a ele te contar, você será abastecido das verdades dele.

Não existem verdades absolutas, existem fatos e perspectivas sob tais verdades, onde as diferentes formas de olhar, pensar e refletir, nos permite chegar àquilo que conhecemos por opinião. Repito, apenas depois de conhecermos o assunto é que emitiremos opinião, obstante a isso, entendo como frases descartáveis, vazias e por vezes fake news. As bases para os formadores de opinião estão em livros, nas obras de estudiosos, buscadores do conhecimento, que entenderam todo um processo histórico, de formação de culturas, guerras, economia, relações… enfim, estes devem ser nossos divulgadores, do contrário você verá em Paulo Freire uma figura comunista, canalha e vestida de vermelho, odiará falar de política e sua singularidade com a educação, terá uma ideia prática de que basta trabalhar e esforçar-se para ter sucesso, ainda que você seja uma continuidade do trabalho
exercido pelos seus pais (aqui cabe um abraço à meritocracia e à ironia), e para finalizar, você dirá que eu sou um babaca, talvez a razão esteja do seu lado nesta última proposta, desembocado e sem argumentos, entendo, ainda que decepcionado, livro algum me absolveria da iminente conclusão.