Ocorrência da doença conhecida como Mofo Branco na safra 2020/2021
Esta doença conhecida como Mofo Branco, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum tem preocupado produtores da região nesta safra, principalmente pelos relatos de ocorrência do fungo em lavouras comerciais do município de Colorado e também de municípios do entorno.
As ocorrências estão acontecendo de maneiras distintas entre as áreas, com locais onde o ataque é mais severo comprometendo boa parte do talhão e na maioria dos casos onde tem sido encontrado a doença se verifica a presença de plantas com o sintoma da doença de forma isolada ao longo de toda a área.
Este fungo é considerado polifago, podendo ocorrer em mais de 400 espécies de plantas entre elas espécies de interesse comercial como feijão, soja, girassol, tomate, batata além de espécies de plantas como caruru, picão preto, maria mole, corda de viola entre outros.
O fungo causa preocupação por ser algo novo na região, pela severidade, perdas que pode levar a uma lavoura de soja e pelo impacto nas safras subsequentes.
A disseminação deste fungo pode ocorrer via semente na forma de escleródios misturados a semente ou na forma de micélio dentro das estruturas internas da semente.
Como referido acima uma das formas de disseminação é por uma estrutura chamada escleródio. Estas estruturas são as responsáveis pela sobrevivência e disseminação do fungo. Elas se desenvolvem dentro e na superfície do tecido atacado e consistem em uma massa de hifas de formato alongado ou redondo parecida com fezes de rato que retornam ao solo junto com os restos culturais e lá podem sobreviver por vários anos (pesquisas falam em mais de 10 anos dependendo das condições do ambiente).
Havendo plantas hospedeiras na área e condições climáticas favoráveis ocorre a germinação do fungo. Esta germinação pode ocorrer em forma miceliogênica ou em forma carpogênica. Na forma miceliogênica o micélio penetra no tecido da base da planta e se desenvolve. Na germinação carpogênica o fungo forma uma estrutura chamada de apotécio (formato de uma antena parabólica) onde contem os ascos e dentro destes os ascósporos que irão infectar a parte aérea principalmente as flores da planta alvo.
Em condições de alta umidade relativa (>70%), temperaturas amenas (18° a 25° C), maior frequência de precipitações e menor quantidade e luz solar o fungo realiza a infecção das partes aéreas invadindo o seu tecido e provocando seu apodrecimento.
As lesões são encharcadas, mole de coloração parda e com a evolução presença de micélio branco de aspecto cotonoso. No caso da soja o período mais sensível ocorre na época de floração plena a formação de vagens.
O controle desta doença envolve varias ações que devem ser integradas, pois a infecção pode ter ocorrido a partir de escleródios existentes a diversos anos na área, ou mesmo vir pelo vento de ascósporos de áreas vizinhas.
Neste sentido o controle passa por planejamento de rotação com culturas não hospedeiras (milho no verão), controle de plantas daninhas que podem ser hospedeiras do fungo, população adequada da cultura (standt de plantas), incremento de palhada nas áreas impedindo que parte dos ascósporos possam chegar até as plantas, limpeza de máquinas e equipamentos, uso de sementes de boa procedência e com tratamento de sementes adequado, controle biológico e controle químico.
A semente tem papel fundamental no que se refere a disseminação do patógeno, portanto ter atenção na procedência deste insumo, bem como realizar um adequado tratamento de sementes visando fungos que possam estar nas partes internas das sementes.
O controle biológico com uso de microrganismos antagônicos como os fungos Trichoderma e bactérias como a Bacillus visando o controle dos escleródios que irão permanecer no solo.
O controle químico deve seguir recomendações quanto a época de aplicação, volume de calda, intervalo de aplicação e produtos de maior eficiência contra o patógeno.
A Embrapa realizou pesquisa sobre a eficiência de produtos na safra 2017/2018 na cultura da soja e os resultados estão na tabela abaixo, sendo o tratamento testemunha sem aplicação de fungicidas.
No site do MAPA é possível acessar a lista de produtos registrados para uso na cultura da soja visando o controle.
O assunto esta sendo tratado de forma muito sensata pelas entidades do município. Existe uma soma de esforço e troca de informações entre os assistentes técnicos da cooperativa, empresas cerealistas e demais entidades visando melhor entender a situação e montar estratégias de mitigação do problema para este momento e estratégias para as próximas safras. Os esforços e atenção sobre o assunto com certeza trarão uma melhor compreensão e uma forma de melhor posicionar os produtores quanto ao manejo da doença. Da mesma forma a EMATER que é conveniada Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) tem acompanhado a situação e fazendo um monitoramento em toda a região visando um apoio aos escritórios municipais.