Coluna sobre o setor agropecuário – Uma construção coletiva.

Fabiano de Vargas Gregorio – Eng. Agrônomo EMATER de Colorado.

Com o início de um novo ano surgem novos desafios e com isso também novas oportunidades, no sentido das oportunidades venho neste momento aceitar um convite realizado pelo Jones Scheidt para passar a fazer algumas colunas trazendo algumas informações a respeito das atividades agropecuárias.

O município de Colorado sempre figurou entre os melhores índices de produtividade na área de grãos e isso faz do município destaque neste segmento. Estes destaques certamente são o resultado de esforços dos atores que fazem parte de toda a cadeia produtiva.

Quando me refiro a cadeia produtiva estão envolvidos os membros da família que dia após dia estão cuidando e melhorando as propriedades. Ainda fazem parte desta cadeia os assistentes técnicos presentes no município, os representantes comerciais e claro o ator que toma as decisões e que faz com que seja possível os resultados aparecerem que são os produtores rurais.

Muito longe da pretensão desta coluna que se inicia esgotar ou aprofundar qualquer assunto do meio agrícola até porque somos muito bem servidos quando o assunto é ter agricultores de referência e com muito conhecimento, e por contar com profissionais de assistência técnica de alto gabarito muito experientes, com vasto conhecimento e comprometidos com o resultado das propriedades e neste caso cito a todos os profissionais que de alguma forma fazem parte da cadeia, sejam Astec conveniados a cooperativas, empresas ou particulares, os representantes comerciais, extensionista enfim todas as pessoas que de alguma forma contribuem para o bem maior.

Com o convite da coluna aceito a intenção e trazer regularmente algum assunto em discussão sempre contanto com a contribuição valiosa das pessoas do meio para construir juntos novas discussões e pontos de debate com objetivo de contribuir para que Colorado continue o seu já citado destaque a nível nacional quando se trata deste meio que cada vez mais se torna o protagonista do Brasil.

Os assuntos que serão abordados tem por objetivo serem mais um ponto de discussão e construção, sendo que a EMATER RS Ascar que é vinculada à Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) busca ser parceira constante e presente no município para o desenvolvimento rural.

Tripes um inseto praga que devemos ter atenção.

Fabiano de Vargas Gregorio – Eng. Agrônomo EMATER de Colorado

Os insetos denominados de Tripes pertencem a ordem Thysanoptera. São insetos de tamanho pequenos com formato estreito e alongado com diversas espécies, sendo a maioria classificadas como fitófagas, ou seja se alimentam de plantas e cujo algumas espécies tem se destacado como insetos pragas de diversas culturas entre elas a soja.

Produtores que realizam cultivo de espécies olerícolas como tomate e morango, seja para consumo próprio ou para venda certamente em algum momento já se depararam com populações maiores de Tripes, mas na safra de grãos 2019/2020 e nesta safra 2020/2021 também tem-se observado uma presença maior deste inseto praga em culturas como a soja.

É importante conhecer alguns aspectos deste inseto para melhor definir a estratégia de monitoramento e controle desta praga nos cultivos agrícolas. O ciclo de vida dependendo da temperatura é de cerca de 15 dias, sendo que aproximadamente um terço deste período (5 dias) vivem no solo. Outra informação importante da biologia deste inseto é que a postura dos ovos é chamada de endofítica, ou seja, a fêmea põem os ovos entre os tecidos das plantas. Após a eclosão vivem 2 estágios na parte aérea da planta seguido dos 2 estágios que vivem no solo e após retornam para parte aérea da planta para dar início ao um novo ciclo. Estas informações são importantes para se definir a estratégia de controle visto que determinadas fases não iremos conseguir atingir com apenas uma aplicação aérea e também será necessário um ajuste no que diz respeito a intervalo entre as aplicações.

O dano deste inseto praga pode ocorrer de duas formas, pela raspagem direta do tecido que acaba reduzindo área foliar da planta, ou seja, reduz o “tamanho da fábrica” que será responsável pelo enchimento dos grãos da lavoura de soja ou outro grão e também através de danos indiretos como transmissão de viroses, sendo neste caso um dano mais associado a culturas como o tomate.

As principais espécies associadas a cultura da soja são Caliothrips braziliensis e Frankliniella schultzei. O dano pode ser observado pela coloração branca das folhas, que evoluem para escura e o sintoma clássico com folhas de coloração prateada ou cinzas que mais tarde evoluem para bronzeadas. O monitoramento das populações e do nível de infestação das áreas é importante para traçar uma estratégia de manejo integrado das pragas e neste sentido as visitas dos produtores e técnicos tem papel fundamental para acompanhar a evolução do inseto praga e a eficiência do manejo adotado. Diversos trabalhos de cunho cientifico tentam quantificar o nível de controle e o dano econômico causado pelo inseto, e divergem em alguns dados, mas em algumas referencias se fala em perdas em torno de 10% em razão da deficiência no controle deste inseto em lavouras de produção de soja.

Outro fator importante a ser observado é o uso de produtos registrados para o controle, rotacionar os mecanismos de ação, estar atento a tecnologia de aplicação e também buscar produtos com ação translaminar, ou seja, que passam a epiderme da folha pois muitas vezes as populações estão nos trifólios mais baixo e com isso o seu manejo tem maior dificuldade, além de estratégias que visem interromper este ciclo de vida conforme foi descrito anteriormente.

A Tripes esteve mais associada a anos de menor frequência de precipitação e isso esta ligado a fase de solos do inseto, mas também precisamos estar atento a ocorrência de variáveis climáticas como ventos que tem a capacidade de dispersão do inseto.

Existem alguns pesquisadores como a Dra. Grazielle Furtado Moreira e o Dr. Mauricio Paulo Batistela que tem produzidos ótimas informações a respeito deste assunto. O último citado é professor da Universidade de Cruz Alta e tem disponibilizado excelentes informações a respeito deste tema através de suas páginas pessoais. Como citado na apresentação da coluna, a intenção destas abordagens e trazer um ponto de discussão a respeito de assuntos importantes para o meio agropecuário, esperamos ter chegado minimamente com informações importantes e aguardamos novas abordagens.

O Colorado em Foco agradece a parceria com o Fabiano de Vargas Gregorio – Eng. Agrônomo EMATER de Colorado. O nosso muito obrigado !!!