Fabiano de Vargas Gregorio – Eng. Agrônomo EMATER de Colorado
Quando o produtor inicia o cultivo de uma nova safra ele esta naquele momento renovando a esperança de que no próximo período todas as condições serão favoráveis e ele ira conseguir colher um bom resultado a partir do seu árduo trabalho. Para que este resultado seja satisfatório existem uma série de elementos que precisam ser trabalhado, desde o seu planejamento, cuidado com o solo, escolha da cultura a ser semeada, manejo da lavoura e ainda contar com condições climáticas favoráveis para a cultura durante o ciclo que a mesma estará na lavoura.
Dentro das diversas decisões que o agricultor precisa tomar uma delas diz respeito a escolha da semente. Aqui vale um momento de troca de informações, pois a semente é a responsável pela nova planta da lavoura, e ela precisa ser capaz de carregar consigo todas as informações genéticas desejadas pelo agricultor quando este escolheu por um ou outro material. Na semente estão as informações relacionada a ciclo, produtividade, resistência a doenças e pragas, adaptação ao ambiente e além disso conseguir formar no conjunto de plantas uma lavoura que seja economicamente viável ao produtor.
Qualidade de sementes esta relacionado a 4 atributos: Atributo genético, se refere as características genéticas buscada pelo melhorista no desenvolvimento de uma nova cultivar e que esta tenha ótimas respostas para o objetivo ao qual foi selecionada. Atributo físico que se refere as característica de peso volumétrico, classificação, peneiras e danos mecânicos. Atributo Sanitário se refere a presença de patógenos e pragas junto as sementes que podem danificar e comprometer a viabilidade das sementes. Atributo fisiológico que se refere as características de viabilidade das sementes determinado por teste de germinação e vigor.
A viabilidade de uma semente é determinada pelo teste de germinação, ou também por teste de tetrazólio em algumas espécies. Na legislação brasileira sobre mudas e sementes existem valores mínimos de germinação para permitir a comercialização de lotes de sementes, um exemplo é a soja e o trigo onde é exigido um mínimo de 80% de germinação para comercialização. Em se tratando de comercialização a Lei 10.711 de 5/08/2003 trata do sistema Nacional de sementes e mudas e as Instruções Normativas ditam o regramento e detalhes deste segmento.
Em relação ao Vigor das sementes o produtor deve dar um atenção cada vez maior, pois mesmo não sendo item obrigatório na legislação brasileira o vigor busca qualificar a avaliação fisiológica fazendo a estimativa do desempenho das sementes em condições não ideais, possivelmente as condições que muitas destas sementes irão encontrar quando forem colocadas a campo. Alguns teste como emergência a campo, tetrazólio, envelhecimento acelerado e germinação a baixas temperaturas buscam auxiliam na determinação do vigor dos lotes de sementes.
Trabalho conduzido na CCGL em Cruz Alta no ano safra 2018/2019 pelos pesquisadores Geomar Mateus Corassa e Gilmar Seidel mostraram que nas condições do experimento a cada ponto de vigor a produtividade aumentou 24 kg/ha, mantida as demais condições semelhantes. Ou seja, em uma lavoura cultivada com sementes com 80% de vigor e outra com 70% de vigor poderão ser deixados de colher 240 kg/ha ou 4 sacas de soja por hectare.
No ano safra 2019/2020 a qualidade das sementes de soja precisam ser muito bem avaliadas, pois varias foram os fatores que podem influenciar negativamente a qualidade do material reservado. O produtor pode reservar parte da semente de um ano para o outro para uso próprio e inclusive utilizar esta semente em coberturas de seguro e PROAGRO, desde que siga algumas regras que estão descritas na legislação. Sobre este tema mais adiante trataremos, por hora vamos nos ater a questão da qualidade.
Após as vistorias de Proagro, montei na EMATER de Colorado um teste de campo para avaliar a germinação de materiais coletados nas amostragens do seguro com 2 cultivares e dividindo entre sementes consideradas boas e semente imaturas (esverdeadas) haja visto a grande presença de grãos imaturos nas áreas e ver como seria a germinação deste material. Na avaliação final foi possível observar a baixa germinação tanto de grãos considerados normais quanto nos grãos imaturos. Os grãos bons não passaram de 50% de germinação e nos grãos imaturos ficaram em 10%. Como foi colocado na divulgação o teste foi sem critérios científicos, mas servia de alerta para a qualidade das sementes e para alertar que os produtores mandem realizar testes de germinação e vigor antes de fazer todo o investimento sobre um material que esteja comprometido em sua qualidade fisiológica.