A PANDEMIA E AS MUDANÇAS NO MUNDO – parte III

Colunista Sílvia Patricia Mann

E o mundo continua sentindo as mudanças causadas pelo novo coronavírus, em todos os aspectos da vida cotidiana.

O “normal” não existe mais. Foi preciso adaptar nossas vidas às mudanças que são necessárias para a segurança e o bem comum.

Quem mora em cidades pequenas não sentiu tanto as mudanças como aqueles que moram em lugares maiores. Pois nesses lugares não há shopping, cinema, grandes mercados ou centro de compras e ainda assim, presenciamos e enfrentamos filas para entrar em locais onde tínhamos acesso livre, é necessário seguir normas, usar máscaras, e não há como sair com as famílias e amigos para passeios ou diversão.

As opções de lazer, não importa o lugar, se resumem a filmes, séries, uso das redes sociais e as mais diversas transmissões ao vivo, as famosas lives de artistas, famosos ou não. Lembrando que o Brasil é o país que mais transmite lives.

As lives de artistas famosos, geralmente transmitidas pelo YouTube, têm milhões de visualizações simultâneas, grandes patrocinadores e ainda desempenham uma função social: arrecadar doações para hospitais e entidades.

As lives divertem, distraem, fazem com que muitos brasileiros possam assistir ao vivo artistas que gostam e que não poderiam ir a seus shows, mas elas também causam polêmicas, afinal alguns cantores acabaram revelando um lado deles que a maior parte dos fãs não conhecia. E como, na maioria, os patrocinadores são marcas de cerveja acabam exagerando na bebida, dividindo opiniões e mostrando que são iguais as pessoas comuns.

As pessoas são convidadas a entrar nas casas dos artistas e desfrutar um pouco da intimidade deles, conhecer um pouco do que eles permitem mostrar e perceber que eles estão vivendo tranquilamente, mesmo sem ter shows ou gravar novas músicas.

Mas, em uma live o cantor Fabiano, que faz dupla com seu irmão César Menotti, deixa claro que essa realidade não é a mesma para todos. Ele comentou a respeito do grande número de shows cancelados, suspensos, transferidos e que eles possuem recursos financeiros que os deixa tranquilos por algum tempo, podendo pagar as pessoas que trabalham em sua equipe.

Mas, ele trouxe para a discussão a realidade de quem trabalha sem salário fixo recebendo apenas quando montam estruturas para shows , músicos que tocam nos finais de semana ou em barzinhos, ou mesmo os pequenos conjuntos de músicos que tocam nos bailes e festas, como esses ficam? Ele concluiu dizendo: “Me preocupa muito essas pessoas que trabalham hoje para pagar o que comeram ontem e não estão conseguindo trabalhar”. Ele faz pensar sobre a realidade, que não é igual para todos, até no meio artístico.

Sem dúvidas estamos vivendo um momento histórico, que nos faz olhar para todas as coisas que em momentos normais nem lembramos, ou por ser parte do dia a dia ou por estar distantes da nossa realidade. Afinal, quando, em outros tempos, seria possível imaginar ter o Gustavo Lima, Bruno e Marrone, Alok, entre outros, fazendo um show particular e ainda levando para dentro de suas casas, para sua intimidade.