Fabiano de Vargas Gregorio – Eng. Agrônomo EMATER
Neste momento avança a colheita da safra de soja do ano agrícola 2019/2020 e o cenário é de apreensão e expectativa quanto ao rendimento final das lavouras. O ciclo da safra neste ano foi marcada por diversos momentos distintos durante todo o desenvolvimento da cultura.
Tivemos momento de excesso de precipitação na abertura do período de zoneamento de semeadura, passando por momento de muita restrição hídrica e ondas de calor no mês de dezembro, a volta da precipitação a partir do primeiro decênio de janeiro, que animou os produtores e fez com que se tivessem esperanças de bons rendimento e no mês de fevereiro e março novamente a estiagem castigou a cultura fazendo com que não tivéssemos os rendimentos esperados.
Observamos muita variabilidade de rendimentos entre as lavouras e mesmo dentro das mesmas glebas e talhões. De acordo com as características locais da área os rendimentos estão sendo bem distintos. Área onde por algum motivo como presença de pedras e solo mais raso, menor teor de matéria orgânica, compactação de solo e características de fertilidade a planta acabou resistindo menos aos estresses do clima e com isso seu rendimento foi drasticamente afetado quando comparado com áreas onde as plantas conseguiram resistir por mais tempo e se mantiveram vivas acumulando matéria seca no grão por um período maior.
Muitas áreas solicitaram cobertura de seguros (PROAGRO e demais modalidades de seguro), com objetivo de mitigar as perdas na produção.
Ainda é cedo para apontar uma média de produção regional ou municipal devido a esta grande variabilidade de produções entre as áreas e isto somente será possível após a colheita da maior parte das áreas e levantamento final dos números junto aos produtores pelas entidades, cooperativas e cerealistas presente no município.
As cultivares mais tardias e/ou plantadas no final do período recomendado pelo zoneamento apresentaram aumento de morte de plantas que iniciou em reboleiras e se ampliou na lavoura. Estas plantas apresentam retenção de folhas, queda de vagens e diminuição do tamanho de grãos.
Lavouras colhidas apresentando elevada quantidade de grãos esverdeados e imaturos. Esta presença de grãos imaturos ocorreu devido a seca e as altas temperaturas nesta fase de enchimento de grãos, que leva a planta a morte e com isso enzimas associadas a degradação da clorofila (magnésio quelatase e clorofilase) foram desativadas e o grão ficou verde. Estes grãos verdes acabam sendo problemas na indústria referente a qualidade do óleo e também na qualidade fisiológica da semente (germinação e vigor).
Existe uma preocupação com a produção de sementes para a próxima safra, pois estes grãos imaturos acabam contaminando a qualidade do lote de sementes.
Algumas áreas onde o clima pode ter favorecido em algum evento ou volume de precipitação diferenciado, a época de semeadura e mesmo o material semeado o rendimento foi um pouco maior, mas no geral tivemos uma queda bastante acentuada da produção em relação a expectativa inicial e pelo nível de investimento e tecnologia de produção adotadas.