Vacina sem agulhas é aposta para cenários de pandemia

A pandemia da Covid-19 tem provocado uma grande corrida contra o tempo em laboratórios de todo o mundo. O primeiro grande e efetivo passo para conter o novo coronavírus é conseguir desenvolver a vacina para imunizar a população contra o SARS-CoV-2. O segundo é produzir e distribuir essa solução em escala global.

Nesse cenário, a farmacêutica Maria Croyle, professora na Universidade do Texas, nos Estados Unidos, anunciou um novo método para vacinação que parece perfeito: a vacinação sem agulhas, que não dói e é mais fácil de ser distribuída.

O método é inspirado em um documentário que relata a preservação do DNA de insetos em âmbar. Da mesma forma, a solução consiste no desenvolvimento de um filme com uma mistura de ingredientes naturais, como açúcares e sais, capaz de preservar o organismo (vírus ou bactéria) durante o processo de produção. Tal filme seria capaz de se dissolver na boca do paciente, permitindo a absorção do material.

Segundo Croyle, foram 450 tentativas no período de um ano até que uma fórmula eficaz fosse encontrada.

“À medida que ganhamos mais experiência com o processo de produção, trabalhamos para simplificá-lo, para que não fosse necessário um treinamento técnico extensivo. Além disso, aprimoramos os ingredientes para que secassem mais rapidamente, permitindo que você fizesse um lote de vacina pela manhã e a enviasse após o almoço”, explica a pesquisadora em uma publicação feita no site The Conversation.

Principais vantagens da vacina ‘tipo filme’

Um dos benefícios óbvios do novo método é o fato de que a vacina sem agulhas não causaria dor aos pacientes durante a administração. No entanto, os ganhos vão muito além disso.

O principal deles seria em custo – manter vacinas convencionais em refrigeração de forma contínua, para preservar sua eficácia, é caro e praticamente impossível em algumas regiões. A grande vantagem do método desenvolvido pela equipe de Maria Croyle é que ele pode ser armazenado e transportado em temperatura ambiente, o que facilitaria bastante a distribuição e a tornaria o processo mais barato.

Croyle também ressalta que esse método contribuiria para a diminuição do impacto ecológico causado pelo descarte de materiais como seringas, frascos, cotonetes e embalagens em larga escala. O filme exigiria que os profissionais da saúde portassem apenas o envelope contendo a vacina, o que traria menos poluição para o meio ambiente.


Disponibilidade

Apesar do estudo de Maria Croyle ter começado em 2007, a previsão é de que seu projeto só chegue ao mercado em dois anos, então é pouco provável que ele seja uma das primeiras formas de vacinação contra o novo coronavírus.
No entanto, uma solução semelhante foi desenvolvida em um laboratório da Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia (EUA), e parece estar mais avançada. O fármaco PittCoVacc estimulou a produção de anticorpos para a neutralização do Sars-CoV-2 dentro de duas semanas depois da aplicação em camundongos. Seu mecanismo se dá por matrizes de microagulhas dissolvíveis, feitas de açúcar e com pedaços da proteína do vírus, que são coladas na pele do paciente como um adesivo.

Os pesquisadores responsáveis pelo PittCoVacc acreditam que os ensaios clínicos, com testes em humanos, pode ser dar em alguns meses devido à urgência na demanda por uma vacina para prevenir a Covid-19.

Com informações: The Conversation