Coluna Social

E AS AULAS, COMO FICAM?

É de conhecimento geral que a suspensão das aulas presenciais foi decretada em todos os estabelecimentos de ensino para que houvesse menos circulação de pessoas nas ruas e, assim, menos contaminação por COVID-19, já citei o acontecimento na coluna passada. É fato que o tempo é de sacrifícios e espera, acredito que ninguém discorde disso.

E algo que está preocupando muito os professores, pais e alunos é a questão dos conteúdos. O desejo de cumprir o conteúdo, de tentar prejudicar o menos possível os alunos tem feito com que professores elaborem, produzam  materiais didáticos para serem enviados aos alunos durante o período de quarentena, tentando prejudicar o menos possível o andamento do ano letivo. Mas as aulas não estão suspensas? Não houve até quem dissesse que estávamos de férias?

Nossa visão de educação ainda é conservadora. A forma como a educação à distância (EAD) está sendo implementada pelas escolas em tempo de pandemia é a prova disso, muitos estão vendo como uma falsa ideia de ensino e aprendizagem.

Li diversas postagens em redes sociais dizendo que os “professores fingem que dão aula (conteúdo) e os alunos fingem que fazem as atividades e aprendem.” Temos que admitir que nem todos os alunos serão beneficiados pelas aulas que preparamos, apesar de todo material disponibilizado e de todo apoio pedagógico que ofertamos. Mas, será que em sala de aula atingimos a todos os alunos? Será que não há aqueles que estão na escola apenas pela presença, pois a lei obriga que estejam lá?

Não adianta citar grandes pensadores da educação, modificar LDB, criar leis de inclusão cultural e social, falar sobre igualdade, pluralidade, se não conseguimos o básico: entender que educação não é só conteúdo.

O Coronavírus está nos dando uma oportunidade única de nos repensarmos enquanto humanidade, isso inclui pensar que tipo de educação queremos no futuro. Se “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.”, agora é o momento em que  o aluno precisa ser o verdadeiro  protagonista de sua aprendizagem.

Nos últimos dias, nos foi dada a oportunidade de visitarmos, virtualmente, museus, assistirmos a espetáculos de dança, teatro e música, de assistirmos a filmes e documentários, além de termos acesso a diferentes informações e notícias. Também nos é dada a oportunidade de  assistir à dedicação de vários profissionais das mais diversas áreas que estão na linha de frente no combate ao vírus, assim como  podemos observar à união e à solidariedade entre as nações. Cada um pode formar sua opinião sobre os mais diversos assuntos.

Será que isso não é aprendizagem, não é educação?

Vivemos um momento delicado, que nos obriga a olhar tudo de outro modo, inclusive nossa forma de educar. Pessoas adoecem a todo o momento. Precisamos cuidar de nós e dos que amamos. É momento de sermos mais humanos, além de críticos. Isso também é aprendizagem.

Esse o ano letivo será mais corrido, estressante, por isso, é importante que não haja cobranças pelo que não nos engrandece e, quando o perigo passar, nos reorganizaremos. Tudo vai se encaixar e a maturidade que tivemos para lidar com a situação nos dará orgulho. Vamos aproveitar a travessia para alimentar nosso ser daquilo que realmente nos importa e nos falta:  mais conhecimento.

Sílvia Patricia Mann Colunista Social