DIAS MÁGICOS
Quando recebi uma mensagem dizendo que estavam planejando um visita para irmos pescar, respondi na hora: Venham! Mas assim que me falaram sobre quantos seriam, fiquei preocupado; é muita gente! Venham em um carro, ou dois no máximo, respondi enquanto maquinava um lugar pra acomodar todo mundo; mas após alguma deliberação, e tal qual um contrato, estipulamos as condições e o número de pessoas: 12! Passados os dias, e com o grupo formado, era necessário chegar a um consenso, e assim como no famoso filme, chegamos.
Depois do “contrato” assinado era hora de iniciar a viagem. A jornada é longa, mas a perspectiva de um final de semana mágico encurta distâncias. A magia, na verdade, não está naquilo que acreditamos ver, mas no segredo, no subterfúgio do mágico. E o mágico aqui não atira flechas de fogo, ou some na frente de todos. O mágico aqui tira um coelho da cartola, e esse coelho se chama AMIZADE. E a amizade foi o elo que construiu essa relação com aqueles que me visitavam, a magia toda está no encantamento de saber que se é bem quisto por estes, que, mesmo encontrando-se esporadicamente, o afeto não morre; as relações construídas ao longo dos anos é sólida como um ponte, e estas pontes também encurtam distâncias.
E os dias passaram voando, rápidos como o vento dos Campos Neutrais. E esse mesmo vento que levou os dias, escondeu os peixes. E eu tive que me explicar, pois a propaganda que fiz sobre os famosos peixes uruguaios não se converteu em verdade. Mas acredito que os peixes resolveram não aparecer para não roubar o protagonismo do momento; e aquele era um momento meu. Era eu que estava cercado de tanta gente de bem, e não planejava dividir aquilo com mais ninguém.
Mas chegou a hora de partir. A barriga já doía de tanta risada, a garganta começava a ficar rouca de tanto cantar, os músicos reclamavam de ter que fazer tanta pestana para achar um tom imaginário, que os audazes cantores acreditavam alcançar. Era possível sentir-se pesado e leve ao mesmo tempo: pesado pelo tanto de comida, mas com a alma leve, pela leveza do momento. São por dias assim que seguimos batalhando no dia-a-dia, são batalhas às vezes não tão fáceis, mas com o esforço de um soldado, podemos vencer a guerra.
Lá embaixo na praia, um mar revolto e sujo batia na pedras, imaginando como seria o resto daquele domingo chuvoso. A maioria das partidas são tristes, e essa não foi diferente, e após calorosos abraços e significativos agradecimentos, cada um colocou sua mala na van e partiram. Assim que dobraram a esquina ficou um rastro de diesel e saudade, que se dissipou no ar como em um toque de mágica.
Diogo G. Fonseca – Santa Vitória do Palmar-RS, 10/02/2020.